1 – Cavaleiros foram os senhores supremos dos campos de batalha durante séculos, ironicamente, o declínio dessa elite de guerreiros, começou com uma invenção bem simples: a arbalesta. Essa arma, inventada no século XII, era uma espécie de super besta, feita de aço, para que pudesse suportar muito mais tensão e, consequentemente, dar mais força ao tiro, que podia atingir o inimigo a 300 metros de distância. O recarregamento era relativamente rápido e a operação da arma bem simples. Uma seta disparada pela arbalesta, perfurava armaduras com facilidade. De repente, o poderoso cavaleiro, com todas as suas habilidades de combate, armadura e uma vida inteira de dedicação à arte da guerra, se tornava nada mais do que um alvo fácil para um soldado que aprendera a usar a arbalesta em poucas semanas de treinamento. Se fosse hábil, o besteiro podia abater dois cavaleiros por minuto, isso sem se arriscar; ficando em segurança, fora do alcance do inimigo. Pouco tempo depois, a descoberta da pólvora encerrava a supremacia bélica dos cavaleiros.
2 – Ser cavaleiro era extremamente caro. A armadura, o cavalo, as armas, os servos e todos os custos envolvidos, necessitavam de uma enorme quantia de dinheiro, em comparação com outras atividades da época. Contudo, sendo os cavaleiros parte essencial em qualquer exército, os governantes lhes supriam os meios de sustento por meio de um arranjo conveniente para ambas as partes. O governante cedia ao cavaleiro um generoso pedaço de terra e as pessoas que nela trabalhavam, tinham que pagar um imposto chamado "taxa do cavaleiro". O cavaleiro era uma espécie de inquilino do seu senhor, porém, tinha o direito de governar seu feudo como bem entendesse. Em troca, o suserano podia convocá-lo junto com seus servos, para que lutassem em seu exército.
3 – Os cavaleiros seguiam um código global de conduta extremamente rigoroso, cuja essência estava condessada no juramento que eles faziam na cerimônia de ordenação. Um cavaleiro não podia ter tratos com traidores. Ele nunca deveria dar maus conselhos a uma senhora (independentemente do estado civil dela), tinha sempre que tratá-la com respeito e defendê-la contra qualquer perigo. Além do mais, ele precisava participar de jejuns e abstinências, assistir à missa diariamente e fazer doações para a Igreja.
Os últimos votos, obviamente, foram inseridos pela igreja. Por ocasião da primeira cruzada, os chefes da Igreja Católica criaram um código de cavalaria bem conveniente, para que os cavaleiros ingressassem na empreitada. Sem surpresa, esse código girava em torno da obediência ao Papa e da defesa do cristianismo. Embora o comportamento cavalheiresco fosse comum em eventos sociais, não existiu muitos cavaleiros que seguissem o código no campo de batalha. Ao contrário, a maioria era extremamente cruel e pilhava a bel prazer. Como soldados e homens práticos, os cavaleiros não estavam dispostos a morrer simplesmente porque seu oponente podia não ser tão nobre quanto ele.
4 - Muitos castelos medievais tinham escadas em espiral inteligentemente concebidas entre os andares. Elas estavam normalmente localizadas ao lado da parede do castelo ( numa torre, a escada corria geralmente ao longo da parede exterior e os quartos eram construídos no espaço central ). Esse projeto pode parecer uma maneira inteligente de economizar espaço, mas, na verdade, escadas em espiral foram projetadas para a guerra. Se um exército inimigo invadisse o castelo, os cavaleiros teriam extrema dificuldade para subir a estreita escada em curva, enquanto lutavam. O desenho também dava aos defensores outra vantagem: escadas em espiral medievais eram construídas de modo a forçar os cavaleiros invasores a avançar com o seu lado esquerdo para a frente, o que para eles, era um problema bem sério, considerando que quase todos os cavaleiros manejavam a espada com a mão direita.
5 – Como se pode presumir, um cavaleiro sem seu cavalo não era ninguém. Os cavaleiros medievais montavam cavalos de guerra conhecidos como corcéis, esses eram animais enormes e treinados para a batalha. A origem dos cavaleiros é incerta, mas muitos historiadores sugerem que tenha sido durante o auge do Império Romano. Nessa época, o exército de Roma mantinha uma ordem equestre de elite, conhecida como Ordo Equestris. Embora a Ordo Equestris não possa ser conclusivamente ligada aos cavaleiros, estudiosos apontam muitas semelhanças entre essa tropa romana e os cavaleiros da Idade Média. Quando Carlos Magno, Imperador dos francos, no século IX combinou uma semelhante classe de nobres montados com o conceito do feudalismo, nascia o que conhecemos como cavalaria.
7 – Os torneios de cavaleiros ou justas, começaram como um exercício de táticas de combates medievais. No entanto, quando as cruzadas terminaram e os cavaleiros não tinham mais guerras para lutar, além das justas, rapidamente surgiram outros hastiludes, termo genérico utilizado na Idade Média para se referir a vários tipos de jogos marciais. Eventos onde esses jogos eram realizados se tornaram muito populares.
Um cavaleiro numa encruzilhada dos caminhos, por Viktor Vasnetsov |
8 - O treinamento de um cavaleiro era um árduo processo que começava na idade de sete anos e durava 14 anos. O futuro cavaleiro em primeiro lugar servir como uma pajem. Nesse momento, o menino era um servo do cavaleiro, um criado que servia ao seu senhor. A maior parte do treinamento era na forma de diferentes jogos e esportes, mas, mesmo assim, não deixava de ser extremamente perigoso.
Na idade de 14 anos, o pajem se tornava um escudeiro. Cada escudeiro geralmente servia a um cavaleiro específico, atuando como uma espécie de mordomo, ajudando o cavaleiro a se vestir e mantendo a armadura e as armas em ordem. Um escudeiro era visto como um homem capaz de lutar no campo de batalha. Como tal, o treinamento tornava-se cada vez mais perigoso. As lesões eram comuns e as habilidades de cavalaria tradicionais, como a justa e o bastão de combate, tornavam-se parte do regime de treinos.
Aos 21 anos, o escudeiro finalmente era nomeado cavaleiro. A cerimônia de ordenação ou investidura, era, incialmente, bem simples: o nobre apenas dava um tapa no pescoço do escudeiro, dizia algumas palavras rápidas e pronto. Com o passar do tempo, a Igreja, sempre propensa à teatralidade, entrou em cena para transformar a investidura em um evento cerimonial, cheio de ritos e pompa.
Jovem sendo elevado à dignidade de cavaleiro, por Edmund Blair Leighton |
9 - As cruzadas, campanhas de guerra orquestradas pela Igreja Católica para conquistar a Terra Santa e aniquilar os muçulmanos, foram durante séculos o palco principal para os cavaleiros mostrarem seu talento, entretanto, eles fracassaram e Jerusalém, no final, permaneceu nas mãos dos sarracenos. Contudo, isso não impediu que uma sucessão de Papas convocasse novas cruzadas contra vários inimigos, principalmente contra os adversários políticos da Europa, nos séculos vindouros. Desemprego, como se vê, não foi um problema para os cavaleiros.
10 – Pode-se afirmar que desde 1560, os cavaleiros deixaram de existir como força militar, entretanto, ainda existem alguns verdadeiros cavaleiros hereditários. A maioria das modernas investiduras, porém, são apenas títulos concedidos por causa das contribuições que seus destinatários fizeram para a sociedade, de uma forma ou de outra. Embora existam muitas ordens de cavalaria, mais até do que na Idade Média, elas foram criadas para homenagear indivíduos de destaque. Por exemplo, os títulos dados a pessoas famosas como Sir Elton John e Sir Paul McCartney, são meramente honoríficos, logicamente, não os obriga a montar num poderoso corcel para combater ferozes inimigos.
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