Como vencer um exército de elefantes de guerra?

Ao longo da história, muitos exércitos poderosos se viram obrigados a enfrentar os temidos elefantes de guerra, os tanques da antiguidade, mas poucos foram os capazes de lhes fazer frente e vencê-los em batalha. Quase sempre, tais vitórias foram conseguidas com o uso de extrema crueldade para com esses magníficos animais. Leiamos quatro dessas histórias!

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Os cartagineses utilizaram elefantes em todas as Guerras Púnicas, mas foi somente na Batalha de Zama, nas cercanias de Cartago, onde é hoje a Tunísia, que os romanos conseguiram derrotar essa implacável máquina de guerra. Em Zama se enfrentaram dois dos maiores estrategistas da história: Aníbal e Cipião Africano. Quando Cipião passou da Hispânia para o norte da África, Aníbal se viu obrigado a abandonar seu sonho de conquistar Roma e teve que regressar rapidamente para sua pátria, a fim de defendê-la das legiões romanas. O cartaginês recrutou um exército às pressas, que contava com 80 elefantes de guerra. Infelizmente para Cartago, os animais eram muito jovens e ainda não tinham sido completamente treinados. Quando os dois exércitos se encontraram nas planícies de Zama, Cipião ordenou aos seus legionários que soassem as buzinas e  trombetas e que batessem com todo o vigor os tambores. O estrondo ensurdecedor assustou os jovens elefantes, que retrocederam e abriram a formação cartaginesa. Aproveitando a confusão, Cipião atacou com sua infantaria e lançou a cavalaria númida, liderada pelo traidor Massinissa, para atacar os flancos das forças de Cartago. A vitória romana marcou o fim da Segunda Guerra Púnica e obrigou Aníbal a exilar-se.


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Na Guerra de Cremônides, no terceiro  século antes de Cristo, uma coalizão de várias cidades-estados gregas aliadas ao faraó Ptolomeu II, enfrentou o rei macedônio Antígono II Gônatas. A declaração de guerra foi feita pelo ateniense Cremônides, daí o nome da guerra. No cerco das tropas macedônias sobre Mégara, uma das cidades que fazia parte da coalização, estavam os temidos elefantes de guerra. Para romper o cerco, era preciso eliminar os imponentes animais. Para tanto, os generais de Mégara arquitetaram um plano tanto criativo quanto de extrema crueldade: os gregos passaram óleo em centenas de porcos e atearam fogo nos pobres animais; em seguida, soltaram os porcos em chamas, grunhindo de dor e desespero, na direção dos elefantes macedônios. Os elefantes, vendo a massa de fogo vindo em sua direção, se assustaram e  fugiram aterrorizados, matando muitos soldados da Macedônia na debandada. Aproveitando-se do caos instaurado nas forças inimigas, os habitantes de Mégara puderam romper o cerco à sua cidade.


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Tamerlão foi um nobre muçulmano mongol, de origem turca, que chegou a conquistar oito milhões de quilômetros quadrados na Eurásia. De Samarcanda ( atual Uzbequistão ), a capital de seu império, Tamerlão estendeu deus domínios sobre onde hoje ficam Síria, Iraque, Irã, Paquistão, parte da Índia, Rússia. A brilhante capacidade  estratégica desse conquistador só era superada por sua crueldade. Tamerlão foi um genocida, massacrando populações inteiras por onde passava. Em 1398, ele iniciou uma campanha na Índia para conquistar o Sultanato de Deli, governado pelo sultão Nasir-ud Din Mahmud. Segundo Tamerlão, o sultão de Deli era muito tolerante com os súditos hindus, mas, na verdade, o mongol queria aumentar ainda mais os seus domínios. Depois de ter cruzado o rio Indo, Tamerlão se deparou com a elite do exército de Mahmud: 120 elefantes blindados, com as pressas impregnadas de veneno. Uma visão que deixou os invasores petrificados. Mas o conquistador mongol já havia arquitetado um plano para lidar com as bestas de Deli: Tamerlão ordenou que seus camelos fossem carregados com palha e madeira, então, mandou atear fogo na carga e queimando os camelos com ferro em brasa, forçou os animais a ir em disparada na direção dos elefantes. Os elefantes, assustados com o fogo e com a blatera desesperada dos camelos, viraram-se, e na fuga, esmagaram sua própria infantaria, postada atrás deles. Foi uma vitória fácil para Tamerlão. Ele entrou em Deli e a cidade foi saqueada e destruída. Dez mil hindus foram decapitados e suas esposas, filhos e bens se tornaram despojo para os vencedores.


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O Rajastão é atualmente o maior estado do noroeste da Índia. Antigamente esse estado era conhecido como Rajput, porque a partir do século VI, ele foi governado pela casta guerreira dos rajputs, palavra sânscrita que significa "filhos do rei". Com a invasão dos muçulmanos no século XII, que resultou na criação do sultanato de Deli; e com as incursões do mongol Tamerlão no século XIV, o subcontinente indiano foi dividido em vários estados, uns muçulmanos outros fazendo parte do Império Mongol, até que em meados do século XIX, quase toda a Índia estava sobre o controle da Inglaterra. Durante todos esses séculos de invasões, conquistas e de dominação estrangeira, o Rajastão permaneceu independente, em diferentes graus, graças aos bravos rajputs e seus cavalos marwaris. Todo rajput criava e treinava seu próprio cavalo, sempre da raça marwari, que mais tarde se tornaria seu companheiro de batalha. Essa raça de cavalos é conhecida por sua inteligência, lealdade e coragem. Além disso, fisicamente, esses animais tem uma característica distintiva: as orelhas pontudas voltadas para fora. Quando os rajputs se viram obrigados a enfrentar os elefantes dos mongóis, eles resolveram usar da imaginação e colocaram a criatividade à serviço da guerra. Eles acoplaram nos seus cavalos uma espécie de tromba postiça para enganar os elefantes, fazendo-os pensar que os cavalos eram jovens elefantes, o que lhes permitiu chegar perto das bestas sem serem atacados.

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