1 - A origem do nome do Império
As origens de Bizâncio estão encobertas por mistérios, mas para a nossa lista, vamos seguir a versão geralmente aceita. Por volta do ano 660 antes de Cristo, Bizas, um cidadão grego da cidade de Mégara, próxima à Atenas, consultou o oráculo de Apolo em Delfos. Bizas buscava conselhos sobre onde ele deveria fundar uma nova colônia, porque a Grécia estava a ficar superpovoada. O oráculo simplesmente sussurrou: "em frente aos cegos."
Bizas não entendeu a mensagem, mas, mesmo assim, navegou para nordeste através do Mar Egeu. Quando chegou ao Estreito de Bósforo, ele compreendeu o vaticínio do oráculo. Vendo a cidade grega de Calcedônia, Bizas raciocinou que seus fundadores deviam ser cegos, por não terem visto que as terras do lado europeu, a menos de meia milha de distância, eram obviamente melhores para a construção duma cidade.
2 – A localização privilegiada de Bizâncio
Bizâncio tinha um ótimo porto e excelentes pontos de pesca nas suas proximidades. Ela ocupava uma posição estratégica entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo. Logo a cidade tornou-se importante, com um movimentado centro comercial e um porto que ligava os continentes da Europa e da Ásia. Ocupação, destruição e reconstrução viraram rotina para a cidade.
Em 590 antes de Cristo, Bizâncio foi destruída pelos persas. Mais tarde, foi reconstruída pelos espartanos, e, em seguida, disputada por Atenas e Esparta até 336 antes de Cristo. De 336 a 323 antes de Cristo, ela ficou sob o controle do famoso general, Alexandre, o Grande. Após a morte de Alexandre, Bizâncio finalmente recuperou a sua independência.
Nos anos seguintes, antes de a cidade se tornar a capital de um dos maiores impérios de todos os tempos, ela foi atacada por vários invasores, como os citas, os celtas, e, claro, os romanos.
3 – O nascimento do Império Bizantino
No ano 324, o imperador do Ocidente, Constantino I, derrotou os imperadores do Oriente, Maxêncio e Licínio, nas guerras civis da Tetrarquia. Constantino tornou-se o primeiro imperador cristão do Império Romano. Embora a conversão completa do Império Romano ao cristianismo não tenha sido realizada durante a sua vida, não há dúvida de que durante o governo de Constantino, o cristianismo se tornou a religião dominante do Império. É bem provável que o maior desgosto de Constantino foi o de não ter conseguido unificar as igrejas cristãs.
A construção da cidade de Constantinopla, no entanto, é seu triunfo absoluto. É verdade que outros imperadores gregos e romanos antigos construíram muitas cidades grandiosas durante o seus reinados, mas Constantinopla excedeu a todas em tamanho e magnificência. Logo ela tornou-se a capital do Império Bizantino, marcando assim, o início de uma nova era.
4 – A divisão do Império Romano
A maioria dos historiadores tem dificuldade em decidir exatamente qual o evento ou a data que determinaram a queda do Império Romano. Uma das conclusões mais comuns é a de que a divisão do Império em dois, representou o fim da sua antiga glória para sempre. Há também o debate sobre as religiões da época, provavelmente o fator decisivo que separava o Império Bizantino do espírito da Roma Clássica.
Teodósio I foi o último imperador a governar sobre todo o Império Romano. Ele também foi o único a dividi-lo bem no meio, dando Roma (Ocidente) para seu filho Honório e Constantinopla (Oriente) para Arcádio, seu outro filho. A parte ocidental, a mais clássica do Império Romano, enfraqueceu significativamente com a divisão, enquanto que a metade oriental, influenciada pela cultura grega, continuou a se desenvolver cada vez mais. O Império Romano, como o mundo o conhecia, deixara de existir.
5 – A era de ouro de Justiniano I
Uma das contribuições mais conhecidas de Justiniano I foi a reforma das leis do Império Bizantino, conhecido como Código Justiniano. Sob seu reinado o Império Bizantino floresceu e prosperou em muitos aspectos.
Justiniano ganhou poder e fama por seus edifícios e arquitetura. Um de seus edifícios mais famosos foi a Basílica de Santa Sofia, concluída no ano 538. Ela tornou-se o centro da Igreja Ortodoxa Grega por uma série de séculos. Essa enorme catedral, hoje na moderna Istambul, continua sendo uma das maiores e mais impressionantes igrejas do mundo.
Justiniano também incentivou as artes com generosidade. Construtor magistral, ele encomendou novas estradas, pontes, aquedutos, banhos e uma variedade de outras obras públicas. Justiniano é considerado um santo pela Igreja Ortodoxa moderna, apesar muitos cristãos ortodoxos não concordarem com a sua santificação.
6 – A influência grega prevalece
A maioria dos historiadores concorda que após a ascensão de Heráclio ao trono de Bizâncio no ano 610, o Império Bizantino tornou-se essencialmente grego na cultura e no espírito. Heráclio fez do grego a língua oficial do Império, já que o idioma havia se tornado a língua mais falada da população bizantina.
O Império Bizantino, tendo se originado do Império Romano do Oriente, evoluiu para algo novo, algo diferente de seu antecessor. Por volta do ano 650, apenas alguns poucos remanescentes elementos romanos sobreviviam ao lado da gigantesca influência grega. De acordo com várias fontes históricas, a grande maioria da população de Bizâncio de 650 em diante era de fundo cultural grego. Além disso, o exército bizantino lutava de um jeito muito mais próximo ao dos antigos atenienses e espartanos do que o das legiões romanas.
7 – O uso do fogo grego
A marinha bizantina foi a primeira a empregar um líquido mortal nas batalhas navais: o fogo grego, que era jogado nos navios e nas tropas inimigas através de grandes sifões montados nas proas dos navios bizantinos. Ele inflamava quando em contato com a água do mar e havia grande dificuldade para extinguir o fogo.
O segredo dos ingredientes do fogo grego foi muito bem guardado pelos bizantinos, mas os historiadores acreditam que se tratava de uma mistura de nafta, piche, enxofre, lítio, potássio, sódio metálico, fosforeto de cálcio e uma base de petróleo. Outras nações vieram com um versão similar do material, mas o fato de que ele era perigoso até mesmo para quem o usasse como arma, o fez sair dos planos militares pelos meados do século XV.
O fogo grego foi usado pela primeira vez pela marinha bizantina durante as guerras bizantino-árabes. Skylitzes de Madrid, Biblioteca Nacional da Espanha, Madrid |
8 – A poderosa economia bizantina
O Império Bizantino era composto principalmente por uma série de pequenas cidades e portos ligados por uma infra-estrutura bem desenvolvida. A produção era muito alta, e houve um crescimento notável no número de proprietários de terra. Os bizantinos seguiam um estilo de vida cristão, que girava em torno do lar, onde as mulheres se dedicavam à educação dos seus filhos. Havia também vários lugares públicos para os homens se divertirem em suas horas de lazer.
A partir do ano 500 até o ano 1200, Bizâncio foi a nação mais rica da Europa e da Ásia Ocidental. Seu padrão de vida era inigualável se comparado às outras nações da Europa. Os bizantinos estavam acima de grande parte do mundo nas artes, na ciência, no comércio e na arquitetura.
9 – A culinária bizantina
Quando ouvimos o termo "greco-romana", automaticamente pensamos em cultura, arquitetura, filosofia, o esporte olímpico de luta livre, nunca na cozinha bizantina, mas é exatamente esse termo que define a culinária bizantina: uma mistura de práticas gregas e tradições romanas.
Os bizantinos adoravam o mel e muitas vezes o usavam na culinária como um adoçante, pois o açúcar era coisa rara. O pão era um alimento essencial da dieta dos bizantinos, bem como uma garantia de estabilidade para o governo de Constantinopla. As padarias da cidade produziam regularmente mais de 80.000 pães por dia.
Os bizantinos podiam contar com uma dieta constante de pão, queijo, carne e peixe, esses últimos eram curados e preservados em sal e azeite de oliva. Mas, assim como na Grécia moderna, esta dieta era complementada com vegetais cultivados em pequenas hortas.
10 – O Grande Cisma
A maioria dos historiadores de Bizâncio concorda que o maior e mais duradouro legado do Império foi o nascimento do cristianismo ortodoxo grego. A ortodoxia oriental surgiu como um ramo distinto do cristianismo após o Grande Cisma do século XI, entre a cristandade oriental e a ocidental.
A separação não foi repentina. Durante séculos, existiram diferenças religiosas, culturais e políticas significativas entre as igrejas orientais e ocidentais. Muitos historiadores modernos asseguram-nos que a religião foi a principal razão pela qual a cultura romana perdeu toda a sua influência sobre o Império Bizantino.
Havia grandes diferenças teológicas entre católicos e cristãos ortodoxos gregos, sobre tópicos como o uso de imagens, a natureza do Espírito Santo, bem como o papel e a identidade do Papa.
Culturalmente, o bizantinos sempre tenderam a ser mais filosóficos, abstratos e místicos em seu pensamento, ao passo que o ocidente latino pendia para uma abordagem mais pragmática e legalista da religião. Todos esses fatores finalmente vieram à tona no ano 1054, quando o Papa Leão IX excomungou Miguel Cerulário, o Patriarca de Constantinopla, que era o líder da Igreja Ortodoxa Grega. Em resposta, o Patriarca não deixou por menos: também excomungou o Papa. Cerca de mil anos mais tarde, essa ferida da igreja cristã ainda não foi curada.
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