A misteriosa lenda da Legião Perdida de Roma

No final da primavera do ano 53 antes de Cristo, um enorme exército romano entrou no território dos partos, liderado por Marco Licínio Crasso, o homem mais rico e mais arrogante de Roma; triúnviro com César e Pompeu, bem como governador da Síria naquele ano. Crasso buscava alcançar nos confins da Ásia, a glória e a honra que não podia comprar, apesar da imensa fortuna que possuía. Em nove de junho, depois de dias de marcha pelo deserto, o comandante romano e seus homens se viram frente a frente com o general Surena, que liderava as  forças partas, um contingente  formado por mil catafractos   e nove mil arqueiros a cavalo.

O sangrento confronto deu-se nas desoladas planícies de Carras ( atual Harã, na Turquia ) e resultou na mais vergonhosa derrota de um exército romano no Oriente. Dos cerca de 40 mil homens mobilizados por Crasso, apenas uns 6 mil conseguiram retornar à Síria, liderados pelo questor Caio Cássio Longino, um dos futuros conspiradores contra César. Perto de 20 mil soldados romanos pereceram no deserto, entre eles Crasso e seu filho Públio, mas… que fim levou o restante dos legionários?

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A lenda da legião perdida é fascinante. Sabemos por Plutarco e Tito Lívio, que nem todos os prisioneiros romanos foram levados como escravos para as minas da Báctria ( no que é hoje o Afeganistão ) e Plínio, o Velho, relata que alguns legionários capturados por Surena teriam sido forçados a servir na fronteira leste do Império Parto. Lá, nas cercanias do rio Oxus, tão distante da pujante Roma, eles teriam formado a primeira linha de combate contra as investidas dos violentos nômades das estepes: os terríveis hunos. Desse momento em diante, os legionários desapareceram dos registros históricos.

Anos mais tarde, Marco Antônio tentou invadir a Pártia para vingar Crasso, mas sua expedição contra o rei Fraates IV também resultou em desastre absoluto, adicionando quase 10 mil mortes à fúnebre lista da campanha parta. Tempos depois, Augusto, menos beligerante e mais diplomático, teve êxito em recuperar as águias romanas e também conseguiu negociar uma troca de prisioneiros, a última tentativa para libertar os cativos de Carras. É aí que o mistério aumenta: os partos garantiram não haver mais nenhum prisioneiro para repatriar. 

Os governantes posteriores da Cidade Eterna não se preocuparam mais com a sorte dos seus antigos soldados. Eles permaneceriam no limbo do esquecimento por um longo tempo, até que  historiadores  contemporâneos levantassem uma hipótese tão insólita quanto plausível a respeito do seu destino.

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Estudiosos modernos, auxiliados pelos recursos da tecnologia e com uma compreensão mais ampla da história, ligaram o mistério da legião perdida a outro enigmático relato da antiguidade: os legionários romanos seriam os estranhos soldados mencionados pelo historiador chinês Ban Gu, na sua crônica sobre a batalha de Zhizhi, ( atual Taraz, no Cazaquistão ) ocorrida em 36 antes de Cristo. Esse cronista, descreveu o encontro das tropas comandadas pelo General Gan Yanshou, com  "guerreiros veteranos e muito disciplinados, que se refugiavam em fortificações quadradas de madeira e  que lutavam alinhados e unidos como escamas de peixe." Uma vívida descrição do testudo romano ( fotografia acima ). Imaginem só; uma legião romana contra  os exércitos da Dinastia Han!

Os vencedores chineses ficaram tão impressionados com os soldados inimigos de Zhizhi, que levaram os sobreviventes ainda mais para o leste, a um posto avançado nomeado de Liqian ( pronuncia-se “litchiân” ) na província de Gansu. Lá, eles foram  alistados para ajudar na defesa contra os ataques tibetanos. Não é preciso usar a imaginação para notar a semelhança fonética entre as palavras legião e Liqian.

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A longa jornada percorrida pela Legião Perdida

Para reforçar ainda mais essa teoria, em escavações arqueológicas em Zhelai Zhai, localização atual da antiga Liqian,  foi desenterrada uma  estaca feita com um tronco, método muito utilizado pelos romanos para erguer  fortificações. Também foram encontradas moedas e cerâmica romanas junto com um capacete romano com inscrições em  chinês. Entretanto, é preciso lembrar que a região se localiza bem perto de onde, na antiguidade, passava uma importante rota comercial. Portanto, esses objetos tão incomuns para aquele lugar, podem ter sido levados por comerciantes, nas milhares de caravanas que trilhavam o gigante asiático.

Além disso, Zhelai Zhai  é o único lugar na China onde os habitantes tem características e tradições ocidentais. Cerca de 46% dos habitantes tem sequências genéticas semelhantes a dos europeus. Suas características físicas incluem: nariz aquilino, cabelos loiros, olhos azuis e uma altura média de 1 metro e oitenta centímetros. Outrossim, as pessoas da região compartilham com os supostos ancestrais a paixão por touros, chegando até a praticar a tauromaquia.

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Para elucidar o mistério, os cientistas realizaram exames de DNA  na população de Zhelai Zhai. O resultado? A ancestralidade romana não pode ser comprovada. A variedade genética dos antigos romanos era tão diversa, que a única maneira de realmente saber se há raízes fincadas por uma legião romana na China, seria a realização de uma análise completa de DNA. Essa, entretanto, não é uma tarefa fácil. Para concluí-la, seria preciso um gigantesco banco  de dados genético, já que Roma estava no auge do poder na época da Batalha de Carras e, em suas fileiras, serviam soldados de inúmeras nações e etnias.

Contudo, para os chineses de Zhelai Zhai não existe a menor sombra de dúvida. Eles afirmam com orgulho que em suas veias, corre o sangue dos poderosos legionários perdidos de Roma.

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O protetor de seios usado pela operárias americanas durante a II Guerra

A entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial implicou, como nos outros países envolvidos, no abandono de milhares de postos de trabalho ocupados pelos cidadãos que partiram para os campos de batalha. Profissões antes exercidas apenas por homens, em áreas como a construção civil,  estaleiros, siderúrgicas  e  fábricas de armas, passaram a ser desempenhadas por mulheres. A discussão sobre a capacidade feminina em exercer atividades, antes exclusivas aos varões, terminava ali, embora algumas mentes primitivas ainda relutem em aceitar essa verdade.

Esse novo papel das mulheres na sociedade,  gerou até um ícone cultural americano: Rosie, the Riveter ( Rose, a Rebitadeira ), com o seu clássico lema: We Can Do It! ( Nós podemos fazer isso ).

We_Can_Do_It

Novos tempos exigem mudanças. Dessa maneira, o Ministério da Mulher, no âmbito do Departamento do Trabalho Americano, dentre as muitas decisões tomadas "para promover o bem-estar das mulheres assalariadas, melhorar suas condições de trabalho, aumentar a sua eficiência e promover as suas oportunidades de emprego rentável", decidiu modificar os uniformes de trabalho, ajustando-os às diferenças físicas entre homens e mulheres. Entrava em cena o: SAF-T-BRA, um sutiã de plástico rígido que protegia os seios das operárias. O curioso equipamento de proteção individual foi criado por Willson Goggles, da Pensilvânia.

SAF-T-BRA
O protetor de seios para as operárias americanas

A adoção do sutiã  protetor e de outros equipamentos não foi a única medida de segurança adotada pelo Ministério da Mulher. Na década de 40, o penteado peekaboo, [ veja algumas versões modernas ] popularizado pela atriz Veronica Lake, era a sensação entre o público feminino americano, mas infelizmente, ele também estava relacionado com milhares de acidentes de trabalho.

Um penteado causando  acidentes em fábricas pode parecer estranho, contudo, o motivos dessa inusitada relação ficam evidentes quando olhamos para a fotografia da bela Veronica Lake. Em primeiro lugar, o penteado encobria a visão das trabalhadoras, devido a isso, elas muitas vezes deixavam as mãos embaixo de prensas, guilhotinas, furadeiras e  serras, o que resultava em severas mutilações. O segundo problema era com o comprimento dos cabelos. As madeixas longas frequentemente ficavam presas  em correias, em engrenagens e em outras partes do maquinário industrial, provocando graves acidentes.

A situação ficou tão alarmante, que as autoridades entraram em contato com os produtores de Veronica Lake, para que convencessem a estrela a trocar de visual. Por coincidência ou não, quando a atriz mudou o estilo do penteado, a carreira dela entrou em  declínio.

Peekaboo
Veronica Lake e seu penteado peekaboo

É claro que o papel das mulheres na Segunda Guerra Mundial não se restringiu somente à participação delas na indústria bélica. Não bastasse o sacrifício supremo de ver os companheiros e os filhos partirem para a guerra e o imprescindível trabalho como enfermeiras nos hospitais de campanha, elas também estiveram na frente de batalha. Para ficarmos só nos Estados Unidos, quando terminou a grande guerra, havia 150 mil mulheres servindo no Women’s Army Corps (WAC), essas foram as primeiras soldados do Exército Americano.

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Quando o verdadeiro Drácula se tornou o melhor aliado do Papa

Em 1459, o Papa Pio II reuniu os representantes da cristandade no Concílio de Mântua, a fim de convocar uma cruzada contra os turcos, que depois da tomada de Constantinopla, avançavam impetuosamente pela Europa Oriental. Os líderes europeus, mais preocupados com os conflitos entre eles do que com os problemas da Igreja, receberam o apelo com indiferença. Apenas dois governantes foram solícitos ao pedido do Papa: Matias Corvino, rei da Hungria e seu súdito Vlad III, príncipe da Valáquia.

Vlad também é conhecido por Vlad Tepes, Vlad, o Empalador e Dracula ( filho do dragão ). A crueldade dessa figura histórica, tornou-se a fonte de inspiração para o Conde Drácula, personagem literária  criada por Bram Stocker no romance Drácula, publicado pela primeira vez em 1897. A origem desse nome vem do pai de Vlad: Vlad II Dracul, membro da Ordem do Dragão, fundada  para proteger o cristianismo na Europa Oriental. Dracul por sua vez, se origina do latim draco, que significa dragão.

Mas, voltemos ao Papa e aos seus dois corajosos aliados. Na verdade, Corvino e Vlad estavam com os turcos às portas e consequentemente, eram os mais interessados em atender a súplica papal. Assim que se puseram à disposição, os dois receberam 40 mil ducados para reunir um exército e deter os otomanos.

Mehmed II
Mehmed II, com suas tropas, no cerco de Constantinopla

Sentindo-se poderoso com as novas tropas, Vlad decidiu não pagar o tributo exigido pelo sultão Mehmed II: dez mil ducados e 500 meninos que, depois de treinados, se tornariam janízaros. O sultão, é claro, não podia consentir com tal afronta  e ordenou o assassinato do vassalo rebelde. Quem ficou encarregado da tarefa foi o general turco Hazma Bey, para cumprí-la, ele solicita um encontro com o príncipe da Valáquia sob o pretexto de negociar um novo acordo, logicamente, um ardil para empalar o empalador.

Vlad, percebendo a armadilha, aceita encontrar-se com os turcos  e lhes prepara uma emboscada. Ele captura a delegação otomana e empala a todos, seguindo uma tétrica regra: quanto maior era o sujeito na hierarquia militar, maior também era o objeto de suplício do infeliz.

Agora que estava no controle, Vlad decide ir adiante, sem consultar o Papa ou o suserano húngaro. O grosso do contingente turco acampava do outro lado do Danúbio, aguardando a notícia da morte do príncipe para atacarem, entretanto, surpreendidos no meio da noite pelas tropas de Vlad, foram massacrados. O resultado da incursão de Vlad  para além do Danúbio foi terrível: 20 mil guerreiros otomanos empalados formando uma lúgubre floresta de estacas.

Nicolas Modrussa, legado papal, nos descreve o quadro dantesco:

"Alguns ele matou esmagando-os sob as rodas dos carros. Outros foram despojados das roupas e esfolados vivos, outros foram espetados em estacas e colocados sobre brasas. A maioria foi empalada viva, com estacas que penetravam pelo ânus, perfuravam as vísceras e saíam através da boca"

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Vlad III, o verdadeiro Drácula

E o Papa, o que pensou sobre a a infame carnificina? Bem, Vlad é lembrado como um cavaleiro cristão que lutou contra o expansionismo islâmico na Europa e para todo efeito,  uma floresta de empalados, era uma poderosa arma psicológica contra os otomanos, então, digamos que  Pio II ficou bastante satisfeito com o desempenho do Príncipe da Valáquia.

"Os homens jamais praticam o mal tão completa e alegremente como quando o fazem por convicção religiosa"Blaise Pascal

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O sósia que morreu no lugar de Adolf Hitler

Antes de começar a contar a história anunciada no título desta postagem, peço licença a vocês para narrar um episódio da minha vida, ele é breve e servirá como prefácio ao assunto de hoje. Nasci e vivi até aos meus 14 anos em uma pequena cidade de Santa Catarina, colonizada por alemães. Lá, conheci e tive a oportunidade de conversar com muitas pessoas que viveram o pesadelo da Segunda Guerra Mundial. Algumas delas foram soldados do Terceiro Reich, outras tantas, foram vítimas do mesmo regime. Todas haviam vindo para o Brasil para recomeçar.

Quando íamos para a escola, precisávamos caminhar aproximadamente uns oito quilômetros, com sorte, às vezes pegávamos carona em uma carroça. Mais ou menos na metade desse trajeto, havia uma casa simples, porém envolta em mistérios. O morador solitário daquela choupana, passava os dias quase que unicamente a ler, era sorridente e parecia ser uma boa pessoa. Contudo, falar com ele era estritamente proibido pelos nossos pais, até mesmo o mínimo rumor de desobediência à essa ordem, era punido com severidade exemplar. Os adultos chamavam o misterioso morador simplesmente de "O Doutor".

Homem feito, comecei a me interessar por história e descobri a lenda que envolvia aquele ancião: "O Doutor" seria ninguém mais, ninguém menos, do que Joseph Mengele, o Anjo da Morte nazista.

Relatos semelhantes existem aos milhares e até mesmo historiadores sérios tem dúvidas sobre o paradeiro real de alguns nazistas proeminentes. Hoje, nos ocuparemos com uma dessas teorias: a história de Ferdinand Beisel, o sósia de Hitler que supostamente morreu no lugar do ditador alemão.

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Hitler ou o sósia Ferdinand Beisel?

Ferdinand Beisel era um homem comum, um alemão que igual a outros milhões, via com absoluta naturalidade a sua participação no partido nazista. Certa tarde, Beisel repetiu o costumeiro ritual de se dirigir a uma cervejaria para beber e brincar com os amigos. Não sabia ele, que em poucas horas, sua vida tomaria rumos totalmente inesperados.

Depois de alguns copos de cerveja, Ferdinand teve a "feliz ideia" de imitar a Adolf Hitler, por causa da sua incrível semelhança com o Führer. O fato passaria totalmente despercebido, se não fosse por um detalhe: lá estavam presentes alguns altos membros da hierarquia nazista. Sem hesitar, eles prenderam o nosso pobre bufão, alegando que ele estava zombando do amado chefe nacional.

Contudo, as mesmas pessoas que levaram Ferdinand para a prisão, viram algo positivo na assombrosa semelhança dele com Hitler. Nos últimos dias da Segunda Guerra, a preocupação com a segurança de Hitler era redobrada. Entre vários planos, estava o de usar dublês que ficariam no lugar do Führer. Quando foi apresentado a Martin Bormann, o segundo em comando na Alemanha, Ferdinand Beisel ganhou um novo papel no agonizante Terceiro Reich: daquele momento em diante, ele seria o sósia oficial de Adolf Hitler.

Para um cidadão comum, alguém que, com certeza, passaria anonimamente ao largo da história, viver junto à alta cúpula nazista tinha lá o seu quinhão de glamour. Entretanto, quando o Exército Vermelho começou a cercar Berlim, essa cortina de ilusão  se  desvaneceu. A morte vinha sedenta das estepes russas. Beisel ficou agitado e preocupado. Ele pagaria por pecados que não cometera.

Com a iminente queda da capital alemã, o interior do bunker de Hitler em Berlim era um tumulto generalizado. Reuniões secretas, gritos desesperados, tentativas de suicídio e de fuga. Promessas de fidelidade eterna, suicídios levados a cabo, apertos de mão e uma certeza flutuavam no ar viciado do espaço subterrâneo: Hitler não estava mais lá. O contato visual com o Führer passou a ser evitado; perguntas, antes abundantes, agora já não eram mais feitas; a saudação ao líder nazista perdera o entusiasmo e os colaboradores mais íntimos nem sequer lhe diziam uma palavra ou lhe apertavam a mão ao lhe virarem as costas.

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Ferdinand Beisel observa os escombros da Chancelaria do Terceiro Reich

Restava o último ato da peça orquestrada pelos responsáveis em garantir a fuga e a sobrevivência do verdadeiro Hitler: a sessão de fotos do Führer observando os escombros da Chancelaria do Terceiro Reich. Nas fotografias ( as duas nessa postagem ) está o hipotético Adolf Hitler, ou seja: Ferdinand Beisel, o desafortunado sósia, que selou o seu destino naquela fatídica tarde em uma cervejaria, ao imitar o líder supremo dos nazistas.

Em seguida, vieram o famoso suicídio de Hitler no bunker; o corpo removido para o pátio da Chancelaria, onde foi colocado ao lado do de uma mulher identificada como Eva Braum; a suposta cremação e o surgimento de um cadáver, reconhecido pelos russos como sendo o de Hitler… tudo teatralidade, quem morreu foi o pobre Beisel, um bode expiatório que os Aliados aceitaram de bom grado.

O Führer alemão já havia embarcado em um submarino da classe XXI e estava singrando as águas do Atlântico, rumo ao novo lar. O homem que mergulhara a humanidade em um oceano de sangue, seguia viagem, ao lado da amante, para um lugar bem distante e tranquilo… o sul da Argentina. Mas essa; essa já é outra história!

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15 cartazes revolucionários da União Soviética

David King publicou faz pouco tempo, um livro impressionante chamado Russian Revolutionary Posters, onde traça a história dessas peças de propaganda, a partir da Revolução Russa até a corrida espacial. Para alguém que estudou a história orientado pela visão ocidental, cujo estudo da União Soviética foi quase sempre negligenciado ou na melhor das hipóteses, tratado com desconfiança, é fascinante descobrir, que, apesar das diferenças ideológicas, as pessoas comuns de todas as nações pensam e agem de maneira muito parecida. Estes pôsteres dão ampla evidência disso.


15 – Capitalistas do mundo, uni-vos! – Viktor Deni, 1920

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Esse cartaz foi criado dois anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, que deu origem ao desastroso Tratado de Versalhes, na Conferência de Paz de Paris. Nem a Alemanha, nem o novo governo comunista da Rússia foram convidados a participar. Da Conferência de Paz de Paris também nasceu a Liga das Nações, barbaramente atacada por Viktor Deni neste cartaz memorável.


14 – Capital – Viktor Deni, 1919

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De acordo com o texto em vermelho, na parte inferior deste famoso cartaz anti-capitalista, também criado por Viktor Deni, "Qualquer um que arranque este cartaz ou o cubra, estará realizando um ato contra-revolucionário".


13 – Toda mulher deve saber como criar uma criança corretamente – Alexei Komarov, 1925

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Contrastadas nesse pôster, estão duas maneiras diferentes de criar os filhos: a coluna da esquerda retrata a vida de uma criança criada em condições precárias, enquanto que a coluna da direita, mostra a maneira correta. Embora a servidão tenha sido abolida pelo czar Alexandre II, em 1861, a Rússia, em 1925, ainda tinha uma grande população rural de "mujiques", ou camponeses, mantidos em  relativa ignorância. Uma grande parte da propaganda soviética era dedicada a iniciativas educacionais, especialmente na área crucial da saúde. Os bebês revolucionários na parte inferior da coluna da direita dão testemunho das vantagens da medicina moderna.


12 – Mulheres tártaras! Engrossem as fileiras! – Artista desconhecido, 1920

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" … de braços dados com as mulheres proletárias da Rússia, você finalmente romperá os últimos grilhões."

Os grupos étnicos que vivem na Rússia, como o famosos cossacos, sempre desempenharam  papel crucial na defesa militar do país. O Tartaristão, por exemplo, está muito perto do coração cultural da Rússia, mas conseguiu manter ao longo dos séculos a  cultura islâmica e a língua tártara.

Este cartaz, escrito em tártaro e russo, incentivava as mulheres tártaras a abandonarem os  "grilhões" da tradição em favor da modernidade. Parte do programa soviético para assimilar os tártaros, envolvia desencorajar o tradicional papel subserviente das mulheres. A igualdade de gênero prosperou em muitos aspectos da vida soviética, embora as mulheres estivessem notavelmente ausentes nos altos escalões do estado.


11 – Obtenha um trator! – Artista desconhecido, 1930

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" As Estações de Máquinas e Tratores são o eixo da coletivização. Obtenha um trator!

Estações de Máquinas e Tratores ( E. M. T. ) eram parte dos esforços de Stalin para coletivizar fazendas em toda a Rússia.  Ricos camponeses que tinham acumulado mais terras do que podiam cultivar,  foram atacados pela propaganda política comunista e identificados como amigos dos capitalistas, portanto, inimigos dos verdadeiros camponeses.

Observe os trabalhadores lendo o jornal durante o descanso: a literacia autodidata foi muitas vezes encorajada desta forma, especialmente entre a classe trabalhadora. Logicamente, a alfabetização não implicava necessariamente em liberdade para os trabalhadores lerem o que bem quisessem.


10 – Longa vida à nossa feliz pátria socialista – Gustav Klusis, 1935

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" Longa vida ao nosso amado líder, o Grande Stalin!"

Cinco anos mais tarde, durante a Guerra, a imagem de Stalin não seria muito utilizada em cartazes de propaganda. O povo russo não tinha esquecido as polícias secretas, os expurgos e a brutal coerção que lhe haviam sido impostas entre 1935 e 1940.  Atrocidades impossíveis de mascarar com imagens utópicas como as desse pôster.


9 – Vamos erradicar os agentes do fascismo  –  Sergei Igumnov, 1937

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"Nós  erradicaremos os espiões e sabotadores, os agentes trotskistas-bukharinistas do fascismo".

Esse cartaz foi publicado em nome da NKVD - a polícia secreta soviética - durante os infames julgamentos em Moscou. Stalin passou a dirigir pessoalmente o que se tornou conhecido como o Grande Expurgo, e mais tarde como o Grande Terror. De acordo com a propaganda da época, o expurgo era a limpeza dos elementos podres do governo. Mas, na realidade, Stalin pretendia suprimir sistematicamente as vozes capazes de ameaçar o seu  poder. É um pensamento assustador: cartazes de propaganda como esse, foram usados de forma muito eficaz para manter a maré da opinião pública a  favor do ditador, apesar do violento derramamento de sangue ocorrido na Rússia daqueles dias sombrios.


8 – Eles… Nós – Viktor Koretsky, 1941

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Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, o desfecho da Guerra Civil Espanhola conduziu ao poder um governo fascista,  apoiado abertamente por Hitler.  A ascensão de Franco, foi facilitada pelas duas potências ocidentais: Grã-Bretanha e França, que  se recusaram a oferecer ajuda militar aos republicanos espanhóis. Muitos escritores de esquerda e artistas ocidentais, entre eles, George Orwell e Ernest Hemingway, se ofereceram para lutar pela causa republicana. O colapso da República Socialista Espanhola e o sofrimento suportado pelos cidadãos espanhóis durante a guerra, tinham um forte apelo emocional para o povo russo.

Em 1941, não só a Espanha, mas também a França, a Bélgica e os Países Baixos tinham caído para o regime fascista-nazista da Alemanha. Esse cartaz, com imagens duplas, contrastava o destino trágico desses países ocidentais com a sociedade forte, estável e próspera estabelecida na Rússia Soviética sob Stalin.


7 – Pela Pátria! – A. Polyansky, 1941

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Para os russos, a Segunda Guerra Mundial ficou conhecida como a Grande Guerra Patriótica. Menos de seis meses após o cartaz acima ter sido publicado, a Alemanha havia abandonado o acordo de não agressão com a Rússia e invadido as estepes soviéticas. O sangue derramado em solo russo, mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial.


6 – Meu filho! Veja a minha situação… – Fyodor Antonov, 1942

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Os soldados do Exército Vermelho sabiam que  perderiam tudo, caso fossem derrotados na guerra contra a Alemanha. Por trás dessa velha senhora, pode-se ver  os restos fumegantes da casa da família, ela implora ao filho para que ele ajude a salvar o país.


5 – Soldado, liberte sua Bielorrússia! – Viktor Koretsky, 1943

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Pode-se imaginar o quão poderosa pode ter sido a mensagem desse cartaz para os soldados russos, cujo país, em grande parte, já havia sido invadido, ocupado e destruído pelos soldados nazistas. Imagens tão simples e comoventes como essa, conduziram até mesmo os homens mais pacíficos para a guerra.


4 – Nossa esperança está com você, Soldado Vermelho – Viktor Ivanov e Olga Burova, 1943

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Tal como acontece com os números 5 e 6, você precisa olhar mais além, se quiser entender por que muitas pessoas partem para lutar em guerras. Para o soldado comum, a guerra não tinha nada a ver com fidelidade ideológica,  tratava-se tão somente de proteger aqueles a quem ele amava. As imagens assustadoras desse pôster,  não foram criadas para mostrar o que hipoteticamente poderia acontecer, se a guerra fosse perdida, mostrava o que já estava acontecendo em solo russo.


3 – Guerreiros do Exército  Vermelho, salvai-nos! – Viktor Koretsky, 1943

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As imagens nos cartazes da Segunda Guerra Mundial são, geralmente, muito mais simples do que as das campanhas de propaganda comunista dos anos 20 e 30. Os cartazes de propaganda foram criados para a  doutrinação,  eram dirigidos a determinados grupos de pessoas, com o objetivo de convencê-las de certas ideologias.

Mas imagens como essa, não precisam ser elaboradas para alcançarem o efeito desejado. Koretsky, o artista que criou esse cartaz, recebeu centenas de cartas de soldados da frente de batalha, uma delas dizia:  "Mantive seu cartaz dobrado no bolso superior esquerdo do meu uniforme, ao lado do coração, assim como meus pais mantiveram os ícones antes de mim".


2 – Relâmpago – Kukriniksi – em alguma data da  Segunda Guerra Mundial

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Muitos desses cartazes foram pintados à mão e colados sobre as janelas. Apesar da amizade inicial entre a Rússia e as potências do Eixo, o ataque surpresa de Hitler resultou em uma forte aliança dos russos com os Estados Unidos e com a Grã-Bretanha.


1 – КПСС – Glória! – Boris Berezovsky, 1962

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КПСС significa: "Kommunisticheskaya Partiya Sovetskogo Soyuza" -  Partido Comunista da União Soviética. Esse cartaz celebra uma série de façanhas soviéticas durante a corrida espacial que redefiniram  a Guerra Fria. À esquerda está Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço. À  direita dele está Gherman Titov, a primeira pessoa a passar um dia inteiro no espaço. Eles estão retratados ao lado de outros dois cosmonautas que também viajaram ao espaço. As realizações desses homens amedrontaram os americanos e desempenharam  papel importante na decisão de Kennedy de priorizar a viagem de um homem à lua.

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Apenas um momento antes de 10 fotografias históricas

Amigo leitor, que tal um desafio? Você reconheceria uma foto histórica, olhando para outra tirada apenas alguns momentos antes? Fotografias icônicas sempre deixam para trás outras que são descartadas, mas que ajudam a explicar e a contextualizar os fatos. São imagens esquecidas, porém, às vezes, elas contam toda a verdade ou simplesmente humanizam a história de "suas irmãs mais famosas". Você gosta de história e fotografia? Então, aceite o desafio!


O policial tranquilo

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Berlim. 15 de agosto de 1961. Um guarda da Alemanha Oriental vigia a recém construída cerca, o embrião do extinto Muro de Berlim que irá separar as duas Alemanhas por 28 anos. Ao fundo, cidadãos conversam alheios aos pensamentos que inquietam o soldado. Da parte ocidental, o fotógrafo Peter Leibing está documentando a construção do muro e captura o momento de "tranquilidade tensa", sugerida pela pose do policial. Peter não tinha a mínima suspeita do que fotografaria a seguir…

alguns segundos depois…

 

Cruzando para o outro lado da história


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8 de agosto de 1969. A banda mais famosa de todos os tempos está prestes a promover o álbum "Everest", que seria a última gravação do grupo. Os músicos planejavam viajar para o Himalaia, onde fariam um ensaio fotográfico que ilustraria o álbum, mas, devido a vários problemas de produção, mudaram o título e abandonaram o projeto fotográfico. As fotos para o disco foram tiradas às pressas, em uma rua de Londres, próxima ao estúdio, uma decisão de última hora que não agradava a ninguém. O fotógrafo Ian McMillan capturou os instantes prévios  à pose final dos artistas…

somente alguns momentos depois…


As mãos da esperança

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Dezembro de 1999. O Dr. Joseph Brunner se prepara para fazer uma operação  no centro médico da Universidade Vanderbilt, em Nashville. Um feto de apenas 21 semanas, com diagnóstico de espinha bífida,  aguarda, no ventre da mãe, pela ação hábil do cirurgião. Na sala de cirurgia, o fotógrafo Michael Clancy cobre uma reportagem sobre crianças com essa enfermidade para o jornal US Today. Ele tira algumas fotos triviais da equipe médica e da operação. Momentos depois de abrir o útero da mãe, o médico permite que Michael se aproxime para registrar um detalhe…

alguns segundos depois…


A última foto do legalista


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Anos 30. Frente de batalha da Guerra Civil Espanhola. Robert Capa, o mais importante correspondente de guerra da história, cobre as atividades da resistência legalista. Para posarem, os soldados se levantam da trincheira. Não havia como prever o que aconteceria a seguir…

instantes depois…


A  bandeira pequena

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23 de fevereiro de 1945. Cume do monte Suribachi, Japão. Os americanos tomam a colina as 10 horas e 20 minutos da manhã. O tenente Harold G. Schrier lidera uma patrulha com ordens de hastear a bandeira de seu navio de transporte, o US Missoula, para que todos pudessem vê-la das praias de Iwo Jima. Ordem recebida, ordem cumprida.  A bandeira, entretanto, era muito pequena. Logo chegaram ordens para que ela fosse substituída, e, então…

apenas duas horas mais tarde…

 

O museu que resistiu à catástrofe

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O arquiteto checo Jan Letzel projetou na década de 20, um dos edifícios mais fortes e modernistas da sua carreira. Nesse prédio, foi instalado o museu de uma cidade japonesa. A experiência de Letzel em projetar   edifícios resistentes a abalos sísmicos, o tornava muito requisitado em todo o Oriente. Ele só não podia adivinhar como ficaria o edifício depois da pior catástrofe já causada por mãos humanas…

então, dois meses depois…

 

Um concerto para a história

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21 de setembro de 1979. Uma noite inesquecível no Palladium. Os reis do punk inglês atravessam o oceano com sua música transgressora. Nova York se entrega, sem vacilar, ao sucesso dos invasores. A fotógrafa Pennie Smith, que cobria a turnê da banda, se encosta em um dos lados do palco estreito. De repente, o baixista golpeia o chão com seu Fender Precision. O primeiro golpe pega Pennie de surpresa, mas no segundo, ela tira a fotografia mais famosa do Rock…

somente dois segundos depois…

 

A face da AIDS


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1990. A AIDS é sinônimo de morte, medo e rejeição. Um tabu, um assunto indigesto para a maioria dos meios de comunicação. A jornalista Therese Frare decide humanizar os enfermos e conscientizar a sociedade indiferente. Para tanto, ela passa a acompanhar David Kirby, um ativista que havia contraído a doença nos anos 80 e que decidira voltar para a terra natal, para morrer junto à família. A jornalista passa a conviver com eles no hospital e durante esse convívio, fotografa a agonia do doente. Fotografias que se tornaram os retratos mais deslumbrantes e controversos da história da AIDS…

apenas alguns dias depois…

 

Marchando para a morte

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1º de fevereiro de 1968.  Bay Lop, membro da Frente de Libertação Nacional é escoltado sem rumo pelas ruas de Saigon. Dois dias antes, a mesma Frente de Libertação havia quebrado um cessar-fogo ao atacar uma delegacia da cidade. O comissário chefe decide realizar pessoalmente a vingança e executou Bay Lop publicamente, bem em frente dos olhos e das lentes do fotógrafo americano Eddie Adams…

tão somente alguns segundos depois...

Batismo de fogo

monge
11 de julho de 1963. Thích Quảng Dúc é um monge budista que passou metade da vida lutando contra as perseguições religiosas do governo vietnamita. Ele aproveita sua estadia em Saigon para batizar-se em um dos mais antigos ritos budistas, rito que serve como prelúdio para o renascimento. Um companheiro de fé o ajuda nos preparativos…

e momentos depois…

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Mickey Mouse morto no Vietnã

Em 1968, para alertar os americanos sobre a insensatez da Guerra do Vietnã, Lee Savage e Milton Glasser resolverarm mandar para lá o ícone maior da Disney: Mickey Mouse. O filme apócrifo mostra o ratinho se alistando, partindo para a guerra e morrendo com um tiro na cabeça assim que pisa em solo vietnamita. A produção underground tentava mostrar que não há nada de aventura ou honra em matar e morrer, simplesmente porque os líderes do país dizem que tal insanidade é necessária. O tempo passou e jovens nascidos sob o signo da liberdade do Tio Sam, continuam matando e morrendo, com o único objetivo de que algumas fortunas continuem intactas.

A Disney, é claro, não gostou nem um pouco de ver seu querido camundongo envolvido em guerras onde americanos morrem de verdade e tentou destruir todas as cópias do filme. Por um bom tempo, pensou-se que ela havia conseguido, até que o filme ressurgiu na internet.

mickey_vietnam
Aliste-se e veja o mundo!

"Obviamente Mickey Mouse é um símbolo da inocência, da América,  de sucesso e de idealismo -  matá-lo como um soldado, é como uma contradição de suas expectativas. E quando você está lidando com  comunicação, quando se contradiz as expectativas, você obtém  resultados." – Milton Glasser

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O significado das palavras do Hino Nacional Brasileiro

Você sabe o significado de todas as palavras do Hino Nacional Brasileiro? Não se preocupe, não é falta de patriotismo ignorar o que significam algumas palavras e expressões do nosso Hino. Em 1909, o poeta parnasiano Osório Duque Estrada escreveu um poema que foi oficializado como a letra do nosso Hino em 1922, pelo presidente Epitácio Pessoa.

Mesmo para a época  em que foi  escrito, o poema trazia palavras fora do uso popular, palavras ditas raras, preciosas. Essa era uma característica do parnasianismo, escola literária de Osório Duque Estrada. Com a pátina do tempo, essas palavras ficam ainda mais rebuscadas e talvez as cantemos por mero formalismo, automaticamente, sem sabermos o que significam.

hino-nacional
O Hino Nacional é um símbolo perene da nação brasileira, logicamente, não é possível mudar a letra dele para atender as necessidades  de vocabulário de cada nova geração. O que podemos e devemos fazer, é pesquisar e aprender, para então, podermos cantar o Hino com vigor redobrado. Nessa postagem, compartilho com vocês o significado de algumas palavras e expressões do Hino Nacional Brasileiro.

ditadura_militar

As palavras seguem a ordem em que aparecem no Hino:

Ipiranga: Ipiranga é o nome de um córrego localizado na cidade de São Paulo. Às margens deste riacho foi declarada a Independência do Brasil pelo então príncipe e herdeiro do trono de Portugal, Dom Pedro, em 7 de setembro de 1822. Com esse ato, o príncipe  se tornou Imperador do Brasil, sendo futuramente denominado Dom Pedro I.

Plácidas: calmas, serenas, tranquilas.

Brado: grito, clamor, berro.

Retumbante: ressonante, que provoca eco, estrondoso.

Fúlgidos: brilhantes, luminosos

Penhor: penhor equivale a garantia, segurança. É comum se penhorar algo de valor em troca de empréstimos e receber um papel que garanta a recuperação daquilo que foi penhorado quando a dívida for paga. Em sentido figurado significa o ato ou palavra que assegura o cumprimento de um compromisso, obrigação, promessa.

Cruzeiro: a constelação do Cruzeiro do Sul.

Resplandece: do verbo resplandecer que significa brilhar intensamente, rutilar, sobressair.

Impávido: destemido, corajoso, que não tem ou não aparenta medo.

desafio

Esplêndido: maravilhoso, perfeito, deslumbrante, admirável.

Fulguras: do verbo fulgurar, que significa emitir ou refletir luz, brilhar. Em sentido figurado: distinguir-se dos demais, destacar-se com brilho.

Florão: é um enfeite em forma de flor usado nas abóbadas de construções grandiosas. O Brasil seria o ponto mais importante e vistoso da América.

Novo Mundo: o continente americano, as Américas.

Garrida: enfeitada, que chama a atenção pela beleza.

"Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores" : As palavras estão entre aspas porque representam uma citação do poema Canção do Exílio, do poeta Gonçalves Dias.

Lábaro: Estandarte  militar usado pelos romanos; bandeira, estandarte.

Flâmula: bandeira

Clava: pedaço de pau pesado, mais grosso numa ponta que na outra, usado como arma, porrete.

flores

Fontes: Wikipédia, Dicionário Online de Português, Hino Nacional Brasileiro

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15 curiosidades fascinantes sobre o Antigo Egito

Sou fascinado pela civilização do Antigo Egito desde que me entendo por gente. Sei que não estou sozinho com meu fascínio. A  história da terra dos faraós, sempre envolta em mistérios sobre templos, múmias, hieróglifos, deuses poderosos e conhecimentos incrivelmente avançados, povoa a imaginação da humanidade desde que o primeiro estrangeiro se viu diante das magníficas pirâmides.

O Antigo Egito é fonte inesgotável de estudo, com novas descobertas sendo feitas a todo momento, mas, apesar de tudo, as pessoas que viveram naquela época, não eram assim tão diferentes como talvez julguemos, no fundo, eram bem parecidas a nós, com crenças sobre a eternidade e com preocupações cotidianas como  as que temos hoje. Eram pessoas que  trabalhavam, se divertiam, cuidavam da aparência pessoal, rezavam para aqueles que entendiam como deuses, enfim, iguaizinhos a nós, cidadãos modernos. As 15 curiosidades a seguir, falarão um pouco sobre a sociedade e a cultura do Antigo Egito. É uma pequena introdução aos mistérios dos senhores do Nilo!

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1 – Um faraó nunca deixava seu cabelo ser visto. Ele sempre usava uma coroa ou um toucado chamado nemes. O nemes mais famoso talvez seja o que está representado na máscara mortuária de Tutancâmon, mostrada na figura acima.

2 – O faraó Pepi II, para impedir que as moscas pousassem nele, mantinha sempre por perto escravos nus, cujos corpos eram besuntados com mel.

3 – Tanto as mulheres como os homens egípcios usavam maquiagem. A pintura dos olhos era verde ( com tinta feita de cobre ) ou preta ( com tinta feita de chumbo ). Os egípcios acreditavam que a maquiagem tinha poder de cura e originalmente, era usada como proteção contra o sol, não como adorno.

4 – Embora o uso de antibióticos só tenha começado no século XX, as pessoas tem usado alimentos mofados para tratar infecções desde os primórdios da humanidade. No Antigo Egito, por exemplo, as infecções foram tratadas com pão mofado.

5 – No Antigo Egito, as crianças começavam a usar roupas somente a partir dos cinco anos. Devido ao clima quente e seco, as roupas dos adultos eram leves e finas. Os homens vestiam apenas saiotes e as mulheres vestidos simples ou túnicas.

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6 – Não se sabe ao certo que destruiu o nariz da Esfinge de Gizé, nem qual foi o paradeiro do mesmo. Embora Napoleão tenha levado a culpa de ter decepado a estátua, desenhos feitos em 1737, 60 anos antes do francês ter chegado ao Egito, já ilustravam a esfinge sem o nariz. O único acusado formalmente foi Muhammad Sa'im al-Dahr, um fanático sufi, que em 1378, foi linchado pelo vandalismo.

7 – Piolhos eram um problema sério no Antigo Egito. Muitos, principalmente os da classe rica, resolviam o problema raspando o cabelo e usando perucas. Os meninos egípcios, até aos doze anos, tinham a cabeça raspada, com exceção apenas de um pequeno tufo deixado no centro da cabeça. A medida também visava combater a infestação de piolhos.

8 – Os antigos egípcios acreditavam que a terra era plana e redonda, ( semelhante a uma pizza ) e que o Nilo, fluía desde o centro do mundo.

9 – As mulheres do Antigo Egito, usufruíam de igualdade legal e econômica com os homens. Entretanto, havia restrições: embora recebessem educação, as mulheres não podiam, por exemplo, ser escribas, entre outras profissões que lhes eram vetadas. Uma mulher podia ser faraó, emborra fosse extremamente raro.

10 – Oficialmente, o  faraó era o responsável pelos serviços sacerdotais em todos os templos do Antigo Egito, porém, outorgava esse privilégio aos sacerdotes.

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11 – A Pirâmide de Djoser, considerada a primeira pirâmide a ser erguida no Egito, construída em torno de 2600 anos antes de Cristo, era originalmente cercada por uma parede com cerca de 12 metros de altura, com 15 portas, porém somente uma podia ser aberta.

12 – Soldados do Antigo Egito, às vezes eram usados como um tipo de polícia interna. Além disso, também coletavam impostos para o faraó.

13 – Ao contrário das crenças populares, descobertas arqueológicas comprovam que os construtores da pirâmides foram trabalhadores egípcios assalariados, não escravos.

14 – Quando um corpo era mumificado, o cérebro era removido por uma das narinas. As vísceras eram retiradas por um corte do lado esquerdo do abdômen. Pulmões, intestinos, estômago e fígado iam para vasos especiais, cada um desses órgãos tinha um vaso específico. O resto, incluindo o cérebro, era jogado no Nilo. O único órgão que permanecia no corpo era o coração, pois os antigos egípcios o consideravam a sede da alma.

15  - Ramsés II, teve oito esposas oficiais e cerca de 100 concubinas. Ele morreu aos 90 anos de idade, no ano 1212 antes de Cristo.

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A tatuagem do Neymar e o nosso desprezo pela Língua Portuguesa

As línguas de cultura vivem em evolução perpétua, caso contrário, seriam fossilizadas, se tornariam incapazes de exprimir novos conceitos vindos da ciência, das artes, da economia, da política, enfim, do vasto campo do pensamento humano. Novos conceitos, é lógico, exigem novas palavras ou que antigos vocábulos incorporem novos significados. Essas palavras, fresquinhas, juvenis, nascem quase sempre do idioma falado pelo povo que produz o conhecimento, que domina o cenário tecnológico, econômico, militar e cultural de uma época.

Vejam, para exemplificar, a enxurrada de novas palavras que o advento da informática nos trouxe. Email, site, blogar, internet, deletar e outras milhares são tão comuns aos nossos ouvidos que dão a impressão de serem usadas desde o tempo de Camões. Aliás, deletar, cuja origem é o nobre latim, é tão familiar aos nossos lábios que já rompeu os limites da informática e assumiu o significado de apagar, esquecer. Não será surpresa se amantes decepcionados proferirem a sentença: Vou deletar você do meu coração!

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Pelé, o Rei do Ludopédio?

Querer manter a língua livre desses acréscimos legítimos é querer matá-la. Forçar palavras da língua pátria para substituir termos estrangeiros que o povo já consagrou pelo uso é perda de tempo, esforço inútil. O futebol já nos ensinou essa lição. Puristas extremados pretenderam transformar football em ludopédio. Pura tolice. O povo, que para desespero dos intelectuais é quem manda no idioma, já havia aportuguesado a palavra inglesa para futebol. Solução simples, sonora e eficiente. Se tivesse prevalecida a criação erudita, então falaríamos de Pelé como o Rei do Ludopédio e no próximo ano estaríamos sediando a Copa do Mundo de Ludopédio [ leia o espirituoso artigo sobre o ludopédio na Desciclopédia ]. O povo, esperto que ele só, também tratou de dar formas familiares para os termos do esporte bretão, assim, goalkeeper virou goleiro, offside virou impedimento… e estamos conversados.

Do outro lado dessa história, está o uso indiscriminado de palavras estrangeiras para exprimir conceitos para os quais já temos palavras equivalentes na nossa língua. Essa prática nada mais é do que submissão cultural, modismo e falta de amor ao idioma materno; sintomas de alienação, perda de identidade cultural e decadência da auto-estima de um povo. A Língua Portuguesa, enriquecida pelas línguas do índios que já estavam por aqui e pelos idiomas dos africanos arrastados para cá, é um tesouro de todos nós, brasileiros. Empobrecê-la com dispensáveis palavras forasteiras é entregar-se ao jugo da influência estrangeira e não deixa de ser falta de amor ao país.

Vejam o caso da série Revenge. Por que o título do melodrama americano não é traduzido por Vingança, palavra tão forte quanto à inglesa? Será que um brasileiro que tem um ente querido assassinado pensa em revenge? Será que a fiel esposa brasileira de um malandro tupiniquim ao descobrir a traição do marido cogita em lhe fazer revenge?

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Outro caso, bem divulgado na mídia, é a tatuagem do jogador Neymar. O jovem e talentoso jogador de ludopédio, querendo agradecer aos céus por todas as dádivas que tem recebido, tatuou nas costas a palavra inglesa blessed, cujo significado em português é abençoado; palavra tão bela, tão forte e tão carregada de sentimentos que ficaria perfeita em alguém que quisesse irradiar brasilidade mundo afora.

É claro que a escolha de blessed é perfeitamente compreensível. A língua inglesa tem alcance universal e com a ida de Neymar para o Barcelona, qualquer habitante do planeta, desde as montanhas da China até aos confins gelados da Patagônia, entenderá a mensagem nas costas milionárias do brasileiro.

Contudo, a palavra abençoado está tão ligada aos assuntos do espírito, que duvido que ela tenha sido renegada por escolha própria do nosso craque. Deve ter sido rejeitada pelos responsáveis pelo marketing do jogador, interessados, legitimamente, que fique bem claro, em promover a imagem de Neymar perante o mundo. Ou alguém pode imaginar o Neymar, garoto educado no temor a Deus, dirigindo suas orações ao criador em inglês? É claro que não, quando oramos, é o espírito quem fala, e o espírito, fala na língua materna, aquela que aprendemos junto ao seio de nossa mãe!

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Johann Trollman, o boxeador cigano que ridicularizou o nazismo

Johann Trollman, apelidado de Rukeli, era jovem, rápido e forte. Era também cigano e vivia no pior dos lugares e no pior dos momentos para o  povo roma: a Alemanha nazista de Adolf Hitler. Seis dias depois de ganhar o título de campeão da Alemanha teve sua conquista anulada porque seu estilo de boxe não era digno de um esportista  ariano. Pouco tempo depois, em uma luta subsequente, Trollman protagonizou uma das mais extraordinárias e menos conhecidas histórias do boxe. Um gesto digno de um herói das tragédias gregas que ridicularizou a suposta supremacia da raça ariana.

rukeli
Trollman cresceu nos bairros pobres de Hannover. Nas mão do treinador, o boxeador judeu Erich Seelig, o jovem lutador prometia um futuro brilhante no boxe profissional. Porém, o estilo e popularidade de Trollman irritavam cada vez mais os ideólogos nazistas. O veloz jogo de pernas e os movimentos curtos do lutador cigano contrastavam com o estilo de boxe da época: o estilo valentão, com o atleta a evocar mais a figura de um guerreiro do que a de um desportista.

"Afeminado"  e "Nada a ver com o verdadeiro boxe ariano", eram algumas das manchetes que, em 1932, foram dedicadas a Trollman pelo Völkischen Beobachter, ( O Observador Popular ) jornal oficial do partido nazista.

Apesar disso, em 1933, aos 25 anos, Trollman disputou o título alemão da categoria dos meio-pesados contra Adolf Witt, campeão dos pesados. Um combate desigual entre Davi e Golias no qual o boxeador roma fez valer toda a sua agilidade, deixando o adversário exausto e a ponto de desmoronar no ringue. A vitória de Rukeli por pontos era evidente, justa, incontestável.

Foi então que entrou em cena a Associação de Boxe Alemã, repleta de nazistas, acusando o  cigano Trollman de enfiar os dedos no olho do adversário. Os juízes interromperam a luta e declararam empate, contudo, a multidão que assistia a luta, enfurecida pela flagrante injustiça, exigia que Trollman fosse declarado vencedor. Os juízes, acuados quase ao ponto de serem linchados, tiveram que restabelecer a verdade do combate e declarar Trollman como campeão da Alemanha.

Johann então, chorou de felicidade no ringue. O choro do campeão foi a desculpa usada pelos nazistas para anularem o título do boxeador roma. A razão oficial: comportamento inadequado ( chorar no ringue ). O verdadeiro motivo: ser cigano, mais precisamente, sinti.

Dois meses depois, uma nova luta foi organizada e Trollman foi obrigado a participar do combate. As autoridades nazistas queriam vingar a derrota de Witt e acabar com a perigosa popularidade do jovem cigano. Para garantir a derrota de Trollman, ele foi proibido de mover-se do centro do ringue e de usar seu jogo de pernas para se esquivar dos golpes, sob a pena de perder a licença de lutador. O que aconteceu em seguida, como já dito antes, foi um dos sacrifícios mais extraordinários e menos conhecidos da história dos esportes.

Johann Trollman entrou no ringue com o cabelo tingido de loiro e com o corpo totalmente coberto de farinha, um gesto de provocação, uma caricatura que ridicularizava a imagem do guerreiro ariano, com a qual a propaganda nazista envenenava a Alemanha. Durante o combate, Trollman ficou no centro do rinque, com as pernas afastadas, imóvel, sem esquivar-se, um após outro, dos socos de Gustav Eder,  famoso pelos golpes potentes.

Johann resistiu cinco assaltos e tombou banhado em sangue. A carreira também desmoronou com o nocaute covarde infligido pelos nazistas. Ele disputou, sem sucesso, mais nove lutas e foi obrigado a se aposentar prematuramente.

Durante os anos seguintes, a perseguição dos não arianos intensificou-se dramaticamente. Milhares de ciganos foram esterilizados, incluindo Trollman. Em 1939, ele foi convocado para a Wehrmacht, para lutar na Frente Oriental. Em troca desse "serviço desinteressado para o Terceiro Reich", a família do lutador permaneceria viva.

Em 16 de novembro de 1942, Himmler assina o Tratado de Auschwitz, no qual os romas recebem o mesmo veredicto de morte dado aos judeus. Milhares de ciganos são deportados para os campos de extermínio. Trollman é enviado para o campo de concentração de Neuengamme. Sabendo da fama de boxeador do prisioneiro, lutas  de boxe eram organizadas pelos guardas do campo para entretenimento dos militares nazistas. Pela cooperação, Trollman recebia porções extras de ração, contudo, quando a luta era com guardas alemães, ele era obrigado a perder por nocaute ou caso contrário, era deixado por dias sem alimento.

Nem a razão, nem a data da morte de Johann Trollman são bem claras. Entretanto, em 2008, um livro de Roger Reppilinger, afirmou que em 1944, o boxeador cigano participou de uma daquelas lutas no campo contra Emil Cornelius, um kapo ( prisioneiros que colaboravam com a Schutzstaffel ). Trollman venceu facilmente, porém, o kapo, inconformado com a derrota, atacou-o pelas costas com um pedaço de madeira, só parando de bater quando Trollman estava mergulhado em sangue. O ataque covarde aconteceu a vista dos condescendentes guardas nazistas.

Johann Trollman terminou assassinado na lama de  um campo de concentração, calçando luvas de boxe, que, em um mundo diferente, lhe teriam conduzido à glória.

Em 2003, setenta anos depois de conquistado legitimamente, o cinturão de campeão dos meios-pesados da Alemanha foi entregue aos herdeiros do roma. Nas ruas de Hamburgo pode-se ver uma placa memorial em homenagem ao lutador e em 09 de junho de 2010 foi inaugurado em  Berlim um monumento  a Johann Trollman, o pugilista cigano que ridicularizou o Terceiro Reich.

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