Os ingleses, como todos sabem, inventaram o futebol, mas nunca foram muito bons no uso do próprio invento. Em 1966, mesmo jogando em casa, o time precisou de certas gentilezas da arbitragem, entre outras artimanhas, para conquistar o primeiro e até aqui, solitário título mundial da Inglaterra.
Contudo, para chegar à final, havia uma Argentina no meio do caminho da Inglaterra. E não era uma Argentina qualquer, conduzida pelo grande armador Antonio Rattin, do Boca, a albiceleste tinha talentos como Perfumo, Onega, Artime e Roma.
Aos 37 minutos do primeiro tempo, Rattin, o capitão argentino, reclamou da violência inglesa ( quem diria ) para o árbitro alemão Rudolf Kreitlein e foi expulso. Kreitlein deve ter expulsado o argentino em alemão, porque, Rattin, não entendo nada do que acontecia ou usando a conhecida catimba portenha, permaneceu em campo até que o árbitro, com gestos, lhe indicou o caminho do vestiário. Rattin saiu caminhando lentamente pela lateral do campo, encarando os súditos da Rainha Isabel com desdém, e quando chegou na primeira bandeirinha de escanteio, que era uma miniatura da bandeira da Inglaterra, enxugou as mãos nela. [ ver o vídeo ] A torcida inglesa quis esfolar Rattin vivo, mas ele, impávido, continuou caminhando até sumir pela porta do vestiário. Graças a esse lance, os cartões foram introduzidos como forma de advertir e expulsar os jogadores.
O restante do jogo foi previsivelmente dominado pelos ingleses. Os excelentes defensores Perfumo, Marzolini e Albrecht se desdobravam para conter os ingleses. O goleiro Antonio Roma fez uma das maiores partidas de sua vida, e conseguiu por muito tempo impedir que o esmagador volume de jogo dos ingleses se refletisse no placar. Na frente, Onega, Artime e Más tentavam incomodar os ingleses, mas sem ser municiados, a tarefa era quase impossível, dada a força da defesa do time da casa.
Mas aos 33 minutos do segundo tempo a partida foi decidida a favor dos ingleses. Um centro da esquerda encontrou o eficiente centroavante inglês Geoff Hurst. O atacante, que entraria para a história ao marcar 3 gols na grande decisão, cabeceou para vencer Roma e colocar a Inglaterra na semifinal.
Contudo, a partida ainda guardava um triste espetáculo: terminada a batalha e com a Inglaterra classificada para as semifinais, o inglês Geoge Cohen trocava a camisa com o argentino Mário González. Quando o técnico inglês Alf Ramsey viu, correu para impedir a troca, sob o olhar atento do fotógrafo que imortalizou essa afronta a um princípio tão básico da esportividade.
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