Os acrobatas do Empire State

A magnífica foto abaixo, conhecida como Os acrobatas do Empire State, é uma das mais famosas do Arquivo Bettmann; uma coleção de mais de 19 milhões de fotografias  que foi iniciada em 1936 por Otto Bettmann, um alemão que havia imigrado para os Estados Unidos para escapar dos nazistas. As fotos  da coleção, circulam livremente na Internet e algumas se tornaram muito populares, como a do físico Albert Einstein mostrando a língua e aquela que mostra vários trabalhadores almoçando, sentados em  uma viga de um arranha-céu em construção.

Acróbatas Empire State

Jarley Smith (acima), Waddek Jewell (à esquerda) e Jimmy Kerrigan (direita).


Para os céticos que possam questionar a  fotografia, alegando que ela sofreu algum tipo de  manipulação, segue o vídeo dos atletas em ação.

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Morre, aos 96 anos, Rochus Misch, o guarda-costas de Adolf Hitler

Morreu na última quinta-feira, 5 de setembro de 2013, aos 96 anos, um velhinho alemão chamado Rochus Misch. Ele foi o dedicado  guarda-costas de Adolf Hitler durante quase toda Segunda Guerra Mundial e era a última testemunha remanescente das derradeiras horas do líder alemão em seu bunker de Berlim. Até o fim da vida, o sargento da SS, Rochus Misch, ostentou orgulho por seu passado nazista.

Durante anos, ele acompanhou Hitler a quase todos os lugares, zelando pelo homem que ele carinhosamente chamava de "patrão", até que o ditador e sua esposa, Eva Braun, suicidaram-se para não caírem nas mãos dos Aliados que se aproximavam da capital alemã. O sargento da SS permaneceu no que ele chamou de "caixão de concreto" por dias depois da morte de Hitler, para finalmente sair e presenciar  Berlim em ruínas, com os soviéticos invadindo a cidade.

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Mesmo em seus últimos anos, durante uma entrevista em 2005 cedida a The Associated Press na qual ele narrou os claustrofóbicos e caóticos dias finais de Hitler, Misch ainda mantinha a imagem de um homem da SS, com postura rígida, ombros largos, cabelos brancos bem penteados  e não se desculpava por sua estreita relação com o homem mais odiado do século 20 -  "Ele não era um bruto. Ele não era um monstro. Ele não era um super-homem", disse Misch.

Em sua entrevista com a Associated Press, Misch ficou longe das questões centrais sobre culpa e responsabilidade, dizendo que ele não sabia nada sobre o assassinato de 6 milhões de judeus e que Hitler nunca falou sobre a Solução Final na sua presença - "Isso nunca foi um tema nas conversas", disse ele enfaticamente. "Nunca mesmo."

Misch foi movido quase às lágrimas ao falar sobre Joseph e Magda Goebbels que decidiram  matar os seis filhos no bunker de Berlim, antes de suicidarem-se. Mas ele também foi capaz de gargalhar sobre um amigo da família, "um esquerdista de verdade", que foi jogado no campo de concentração de Sachsenhausen, nos arredores de Berlim e que comentou ironicamente, após a sua libertação que "as camisas de papel (no campo) eram desconfortáveis."

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O jovem Rochus Misch

Nascido em 29 julho de 1917, na pequena cidade de Alt Schalkowitz, na Baixa Silésia,  no que hoje é a Polônia, Misch ficou órfão em tenra idade.

Tendo como  pano de fundo a sangrenta Revolução Russa e a ascensão de Stalin, combinados com a popularidade do Partido Comunista na Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial, Misch disse que decidiu aos 20 anos participar da SS - uma organização que ele via como um contrapeso à ameaça da esquerda. Ele se inscreveu para a Leibstandarte SS Adolf Hitler, uma unidade com sede em Berlim, que foi originalmente fundada para ser a escolta do Führer.

"Fui anti-comunista, contra Stalin - para proteger a Europa", disse Misch, lembrando que milhares de outros europeus ocidentais também se alistaram na Waffen SS -  "Eu entrei na guerra contra o bolchevismo, não por Adolf Hitler."

Assim que os exércitos de Hitler invadiram a Polônia em 1 de setembro de 1939, Misch já estava na frente de batalha, porque a sua divisão SS foi anexada a uma unidade do exército regular para os ataque blitzkrieg. Tendo as forças alemãs rapidamente conquistado Varsóvia, Misch, que falava polonês, foi enviado para negociar a rendição de uma fortaleza e recebeu a resposta das tropas polonesas de  que elas precisavam de tempo para pensar sobre a oferta - "Quando estávamos indo embora, eles abriram fogo", disse Misch em sua casa em Berlim. "Uma bala passou por aqui, à apenas dois centímetros do meu coração."

Após a convalescença, Misch foi nomeado em maio de 1940, para servir como um dos dois homens da SS que seriam os guarda-costas de Hitler, bem como assistentes gerais do Füher, fazendo de tudo,  desde atender telefones até mandar flores para os músicos  preferidos do ditador.

Misch e  Johannes Hentschel acompanhavam Hitler a quase todos os lugares, incluindo o  retiro alpino em Berchtesgaden e a famosa  "Toca do Lobo", o quartel-general nazista. Misch viveu entre apartamentos de Hitler na Chancelaria do Novo Reich e a casa em um bairro de classe operária de Berlim, que ele manteve até sua morte - "Ele era um chefe maravilhoso", disse Misch. "Eu vivi com ele durante cinco anos. Éramos as pessoas mais próximas que trabalhavam com ele ... estávamos sempre lá. Hitler nunca esteve sem nós, nem um único dia ou noite."

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Nos últimos  dez dias da vida de Hitler, Misch o acompanhou para viver no subsolo, protegido pelos  tetos e paredes de betão fortemente armados do Fuehrerbunker - "Hentschel ligou as luzes, o ar e  a água; e eu os telefones - não havia mais ninguém", disse ele. "Quando alguém descia, nós não podíamos nem mesmo oferecer-lhe um lugar para sentar. Era muito pequeno ... pequenas células de mais ou menos 10 metros quadrados. Não era um abrigo para se viver, era um bunker antiaéreo. "

Depois do ataque soviético começar, Misch viu generais nazistas indo e vindo, enquanto tentavam desesperadamente remendar uma defesa da capital com o que sobrara do exército alemão. Ele lembrou que em 22 de abril de 1945, dois dias antes de dois exércitos soviéticos concluírem o cerco da cidade, Hitler disse: "É isso aí. A guerra está perdida. Todo mundo pode ir embora".

"Todos, exceto aqueles que ainda tinham tarefas a realizar, nós tivemos que ficar", disse Misch. "As luzes, água, telefone ... esses serviços  tinham  que ser mantidos, mas todo mundo estava autorizado a ir e quase todos foram embora imediatamente."

Mesmo após o suicídio de Hitler, Misch ficou preso ao seu posto – agora a receber e direcionar chamadas telefônicas para Goebbels, seu novo chefe, até 2 de maio de 1945, quando lhe foi dada a permissão para fugir - "Todo mundo estava lá em cima, na chancelaria, onde havia coisas para comer e beber lá, lá embaixo no bunker, não havia nada. Era um caixão de concreto", disse Misch. "Então Goebbels finalmente desceu e disse: 'Você tem uma chance de viver. Você não tem que ficar aqui e morrer."

Misch pegou a mochila que havia preparado e fugiu com alguns outros pelos escombros de Berlim. Escondendo-se em adegas e metrôs, Misch esbarrou em um grande grupo de civis que procuravam abrigo em um túnel. "Dois estavam tocando música", disse ele, lembrando como a cena parecia surreal: "Eu saí do bunker e lá estavam duas pessoas tocando música no violão."

Misch depois ouviu vozes alemãs acima, através de um poço de ventilação do ar, e subiu para tentar a sorte. Mas as vozes vinham de cerca de 300 soldados nazistas que tinham sido feitos prisioneiros pelos  soviéticos. Ele, então, também foi capturado.

Após a rendição alemã em 7 de maio de 1945, Misch foi levado para a União Soviética, onde passou os próximos nove anos em campos de prisioneiros de guerra, até que eles foram autorizados a voltar para Berlim em 1954. De volta ao lar, ele se encontrou com sua esposa Gerda, com quem se casara em 1942 e abriu uma loja.

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Em 2005, sentado à mesa ao lado de uma pilha de cartas de "fãs", a quem ele enviou fotografias autografadas de si mesmo em pleno uniforme SS, fora da Toca do Lobo, ele folheou o álbum de fotos, lembrando seus dias com a mais infame das pessoas na história recente - "Aqui está Hitler, o meu patrão… Eva… um amigo de Eva ..."

Então, ao  virar a página de fotografias de Eva Braun no cenário idílico do Berghof, na Bavária, residência de montanha de Hitler, seus olhos brilharam quando, ao olhar para uma das fotos, lhe veio a lembrança de um momento daqueles dias longínquos - "Este pequeno cão preto entrou correndo por uma fenda do muro e Hitler disse: Meu Deus, o que é isso? Miscigenação racial?"

"Não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem." – Rui Barbosa

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Rodovia 80: a estrada do apocalipse

Rodovia 80 é o nome oficial de uma autoestrada que sai da Cidade do Kuwait e atravessa as cidades fronteiriças de Abdali e Safwan, seguindo até Bácora, no Iraque. Durante a Guerra do Golfo, essa rodovia se tornou o palco de algumas das imagens mais inquietantes daquele conflito, imagens tão perturbadoras que lhe valeram o título de Rodovia da Morte.

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Veículos destruídos e abandonados na Rodovia 80 – 19 de abril de 1991

Em fevereiro de 1991, depois de um mês e meio de combates entre o exército iraquiano e a coalisão da ONU, liderada pelos americanos, a Guerra do Golfo caminhava para o desfecho previsível. O exército de Sadan Husein, apesar de contar com um efetivo de meio milhão de soldados e conhecer a região como ninguém, não seria páreo para as tropas formadas por militares de 32 países, enviados para as areias do oriente médio a fim de libertar o Kuwait, e, é claro, assegurar a posse do precioso ouro negro, que jorra abundantemente naquelas terras.

Na noite do dia 26 para 27 de fevereiro, um dia antes da guerra terminar, civis e militares iraquianos se retiravam do Kuwait. Eram os últimos invasores a deixar o país que o ditador Sadan Husein havia anexado sete meses antes. Naquela madrugada, o comboio em fuga foi atacado e dizimado por aviões e forças terrestres americanas, na última ofensiva da coalizão militar do Ocidente. Um dia depois, em 28 de fevereiro de 1991, George H. W. Bush, presidente dos Estados Unidos, daria a ordem de cessar fogo.

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Vista aérea dos destroços de tanques e caminhões blindados iraquianos na Rodovia 80, em 8 de março de 1991

A estrada, um ponto estratégico na rota de saída para o litoral e a principal via de comunicação com o Kuwait, se tornou um autêntico cemitério de veículos, um cenário digno de qualquer filme pós-apocalíptico. Os iraquianos, dirigindo todo tipo de veículos, muitos deles roubados do Kuwait, voltavam para o seu país quando os aviões americanos atacaram a dianteira e a retaguarda do comboio, criando um gigantesco engarrafamento. Outras fontes afirmam que fuzileiros navais americanos, haviam anteriormente bloqueado a rodovia com minas antitanque e esperaram a chegada da caravana em fuga. Os Estados Unidos confirmaram o ataque aéreo e a intervenção das forças terrestres, contudo, não especificaram os métodos da operação.

A verdade é que, com os iraquianos encurralados, sem nenhuma possibilidade de reação, começou a ofensiva com força total. O ataque brutal resultou na destruição de entre 1.800 a 2.700 carros, caminhões, ônibus e tanques, deixando os seus restos fumegantes espalhados ao longo de vários quilômetros da rodovia. O número exato das vítimas, cujos corpos foram carbonizados grotescamente, é desconhecido. As estimativas variam conforme as fontes, chegando a conclusões tão díspares quanto 300 a dezenas de milhares de mortos.

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Quando a luz do dia permitiu ver a magnitude do massacre, as primeiras vozes de protesto se levantaram contra a operação. Alguns jornais falaram em carnificina, vários jornalistas e associações de direitos humanos acusaram os Estados Unidos de violarem a Convenção de Genebra, e que, portanto, deviam responder por crimes de guerra, uma vez que as vítimas eram civis e militares, no que parecia claramente uma rendição e uma batida em retirada.

Na manhã seguinte, poucas horas antes do cessar fogo, o fotógrafo Kenneth Jarecke voltava  para o Kuwait, vindo do sul do Iraque. Na Rodovia da Morte,  Jarecke observou um caminhão calcinado no meio da estrada, depois do ataque americano. Ele parou e registrou uma das imagens mais chocantes da guerra: um soldado  iraquiano carbonizado dentro do veículo.

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Diante da cena dantesca, Kenneth Jarecke justificou a fotografia, dizendo para os soldados que o escoltavam: "Se eu não tirar fotos como essa, pessoas como a minha mãe continuarão pensando que, o que acontece nas guerras, é o que elas veem nos filmes". Então, o fotógrafo se aproximou do caminhão calcinado e tirou a fotografia que você vê acima. É a brutalidade da guerra olhando para dentro das nossas almas. A fotografia, no primeiro momento, não foi publicada nos Estados Unidos. Os órgãos de imprensa daquele país a consideraram por demais explícita, alegando que a imagem poderia ferir as  pessoas mais sensíveis.

"Somente aqueles que nunca deram um tiro, nem ouviram os gritos e os gemidos dos feridos, é que clamam por sangue, vingança e mais desolação. A guerra é o inferno." (Gen. William T. Sherman)

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